... que não saía só com o meu marido para assistir a um concerto. Desde 1 de Abril do ano passado! Até parece mentira eheheheh. Fomos no dia 8 assistir ao Concerto de Ano Novo organizado pela Câmara Municipal de Almada.
... que não assistia a um DVD. Vimos 3 filmes seguidos (?!) no outro Domingo. Duas comédias e um de ficção.
... que não ía jantar fora a um Restaurante Chinês. Fomos na sexta-feira passada.
No dia 31 de Dezembro soube que o meu vizinho da casa ao lado tinha ido de ambulância para o hospital. Tinha-se sentido mal. Pensei que fosse apendicite ou uma gastroenterite devido à época em que estávamos e aos abusos alimentares que costumam ocorrer...
Ontem, perguntei à vizinha da frente se sabia alguma coisa do vizinho. Pensando eu que estaria em casa de cama...
Fiquei boquiaberta com a resposta: "Não sabe vizinha? O vizinho está em coma. Morte cerebral. Teve uma embolia cerebral. Já não há esperanças."
Caiu-me tudo... fiquei ali de lágrimas nos olhos a olhar para ela... Como é que é possível?
Num momento está-se ali, bem, no outro já não se está...
Ontem à noite a vizinha da frente tocou à minha campainha... "Era só para lhe dizer que o vizinho morreu. Desligaram a máquina."
Toda esta situação afectou-me mais do que seria suposto... afinal, a nossa relação pouco passava do "bom dia", "boa tarde".
O tema morte para mim é tabu. Não consigo sequer pensar nele, quanto mais falar sobre ele.
Mas toda esta situação faz-nos repensar certas coisas. Às vezes preocupamo-nos com coisas que não valem a pena, damos importância a ninharias. E para quê? Tudo pode acabar no minuto seguinte!
Não consigo sequer imaginar o que a minha vizinha está a passar, não dá para saber que lutas interiores estão ali a decorrer: num momento tinha o marido, uma boa casa, e de repente vê-se só no mundo, sem saber o que fazer, para onde ir, para onde se virar...
Tudo isto só fez com que eu olhasse bem para mim própria e tomasse a resolução de me esforçar para não tornar a preocupar-me com coisas sem a mínima importância, não me chatear com algo ou alguém e, principalmente, abraçar muito, beijar muito e demonstrar de todas as formas possíveis o quanto gosto das pessoas que me são queridas.